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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Chevrolet Veraneio 1965 e Chevrolet Amazona


Chevrolet Veraneio 1965


Amazona e Veraneio nasceram para o passeio, mas
serviram mais para o trabalho e como carro de polícia


Os brasileiros ainda não conheciam em 1959 o termo utilitário-esporte, mas foi no final desse ano que a General Motors, que desde o ano anterior fabricava picapes e caminhões -- seu primeiro automóvel, o Opala, só chegaria nove anos depois --, lançou sua primeira perua de passageiros, destinada mais ao lazer que ao transporte de carga. Se o termo agora tão usual já fosse aplicado, talvez se pudesse considerar a Chevrolet Amazona uma precursora do tipo de veículo que muitos hoje apreciam.

O primeiro modelo da Amazona, lançada em 1959: estilo frontal e mecânica dos caminhões Chevrolet, três bancos inteiriços e terceira porta só no lado direito
Embora derivada de modelos norte-americanos da marca, era um produto específico para nosso mercado. Da frente até a metade da cabine era o conhecido picape Chevrolet Brasil da série 3100; daí para trás, uma ampla perua de três bancos e oito lugares, com a particularidade de uma terceira porta lateral apenas no lado direito. A tampa do porta-malas era pequena, não incluindo o vidro traseiro, e os bancos podiam ser removidos.

Em dezembro de 1962 recebia leve reestilização, passando a vir com quatro faróis redondos, mas a mecânica permanecia: motor de seis cilindros em linha, 261 pol3 (4,3 litros) e 142 cv a 4.000 rpm de potência bruta, o mesmo dos picapes. Com bom torque em baixos regimes -- 31,7 m.kgf brutosa 2.000 rpm --, levava a pesada perua (1.850 kg) de 0 a 100 km/h em 21 s, com velocidade máxima de 138 km/h. As suspensões usavam eixos rígidos e molas semi-elíticas; diferencial bloqueante("tração positiva") era opcional e o câmbio tinha apenas três marchas.


Em 1962 a perua ganhava uma reestilização frontal, com quatro faróis. A suspensão ainda utilizava eixo rígido e molas semi-elíticas na frente e atrás
No Salão do Automóvel de 1964, ainda realizado no pavilhão do Ibirapuera, em São Paulo, a Amazona cedia lugar a uma nova perua: a C-1416, baseada no picape lançado no mesmo evento. Mais baixa, com linhas atualizadas, suspensão dianteira independente e molas helicoidais nas duas suspensões, para maior conforto, trazia quatro portas, mais uma ampla traseira que se erguia junto do vidro


Quatro portas laterais e uma traseira mais ampla, molas helicoidais, primeira marcha sincronizada: novidades da C-1416, logo rebatizada Veraneio
Todas as marchas eram sincronizadas, mas o motor permanecia o 4,3-litros, agora com 149 cvbrutos e 32,1 m.kgf. Essa perua logo ganharia o nome Veraneio, em alusão ao uso em lazer, nas férias de verão -- mas foi como "camburão" policial que se tornou mais famosa. Além do amplo espaço interno, para seis ou oito pessoas, tinha a imponência e a robustez adequadas à função.

Esse modelo foi produzido em São Caetano do Sul, SP, até o final da década de 80, com ligeiras alterações de estilo (no início e no fim dos anos 70) e mecânica -- uma delas, por ironia, a troca dos quatro faróis por apenas dois, ao contrário do que ocorrera na Amazona. O motor de seis cilindros passou a ser o do Opala, de 4,1 litros, com versões a álcool e gasolina. Houve também o Veraneio a diesel, com o motor do D-10.


Ao contrário da antecessora, a Veraneio começou com quatro faróis e depois passou a dois, num estilo que se manteve até os anos 80, graças à demanda da polícia
Em 1989, quatro anos depois da reformulação dos picapes, em que a série A/C/D-10 era substituída pela A/C/D-20, a Veraneio era também refeita: linhas retas, painel modernizado e confortos como ar-condicionado e direção assistida. A GM enfim ingressava num segmento há anos explorado pelas transformadoras, que adaptavam cabines duplas ou carrocerias de peruas aos picapes Chevrolet e Ford.


O painel da C-1416 de 1967, à esquerda, e da Veraneio 1971: simples e bem-acabado
Em 1990 era lançada a Bonanza, uma versão de duas portas e entreeixos bem mais curto: 2,59 metros, contra 3,23 metros da Veraneio. Ambas tinham as carrocerias produzidas pela Brasinca, que até então oferecia essas opções no mercado de transformação com os nomes de Mangalarga, para a maior, e Passo Fino, para a mais compacta.

A nova Veraneio ficou no mercado até 1994. Além do motor seis-cilindros de 4,1 litros e 124 cvlíquidos (140 cv a álcool) do Opala, foi oferecida com o Maxion diesel, de quatro cilindros e 4,0 litros, em versões turbo (120 cv) e aspirado (92 cv), e com uma terceira fila de bancos para acomodar até nove pessoas. A versão Custom Deluxe podia vir com controle elétrico dos vidros e travas, rodas de alumínio e direção de assistência eletrônica Servotronic, requinte que só em 2001 foi aplicado ao Omega.


Em 1988 a perua era totalmente renovada, à semelhança dos picapes da série 20. Em 1993 (foto) oferecia terceiro banco, ar-condicionado e até direção eletrônica
Uma tentativa de sucessão foi feita em 1998 com a Grand Blazer, derivada do picape Silverado feita na Argentina. Mas a desvalorização do real no ano seguinte elevou seu preço e já não havia demanda no mercado para um veículo tão grande e pesado. Uma tradição de quatro décadas chegava ao final.

Fonte: Carros do Passado